HARMATIOLOGIA-(Doutrina do pecado)

Ao estudarmos biblicamente o pecado nos deparamos com duas verdades: A depravação da humanidade e a sobrepujante glória de Deus. Como parte da nossa natureza caída o pecado persegue a humanidade em todos os aspectos da nossa existência, dentro de nós ele nos induz ao mal e fora de nós tenta nos seduzir prometendo a liberdade e nos levando a escravidão, deixando o ser humano com desejos insaciáveis e impossíveis de satisfazer-se. Sem Cristo é como uma rede de pesca que quanto mais a presa se debate para escapar mais preso fica nela. A compreensão do pecado e seus malefícios nos dão um conhecimento maior de Deus e da sua misericórdia e esse é motivo que nos leva a estudarmos este tema

A origem do pecado

A Bíblia refere-se a um evento que se deu antes mesmo da criação do homem, além da experiência humana, quando o pecado se tornou uma realidade. Uma criatura extraordinária, a serpente, já estava confirmada na iniqüidade antes de “o pecado entrar no mundo” através de Adão (Rm 5.12; ver Gn 3). Essa antiga serpente aparece em outros lugares como o grande dragão, Satanás e o diabo (Ap 12.9; 20.2). O diabo tem andado pecando e assassinando desde o princípio (Jo 8.44; 1Jo 3.8). O orgulho (1Tm 3.6) e uma queda de anjos (Jd 6; Ap 12.7-9) também se associam a essa catástrofe cósmica.

  Como o pecado entrou no mundo

As Escrituras também nos ensinam a respeito de outra queda: Adão e Eva foram criados “bons” e colocados no Éden, desfrutando de estreita comunhão com Deus (Gn 1.26-2.25). Por não serem divinos e porque eram capazes de pecar, era necessária uma contínua dependência de Deus. Para serem imortais, precisavam comer da árvore da vida. Isto nos é sugerido pelo convite a comer de todas as árvores, inclusive da árvore da vida, antes da Queda (Gn 2.16), e pela rigorosa proibição depois desta (Gn 3.22,23). Houvessem obedecido, teriam sido frutíferos e alegres para sempre (Gn 1.28-30).

Deus permitiu que o Éden fosse invadido por Satanás, o qual tentou Eva com astúcia (Gn 3.1-5). Desconsiderando a Palavra de Deus, Eva entregou-se ao desejo por beleza e sabedoria. Tomou do fruto proibido, ofereceu-o ao seu marido e juntos comeram-no (Gn 3.6). Eva se deixou enganar pela serpente, mas Adão parece ter pecado em plena consciência (2Co 11.3; 1Tm 2.14 Gn 3.13-19). Talvez seja esta a explicação da ênfase que a Bíblia atribui ao pecado de Adão (Rm 5.12-21; 1Co 15.21,22), embora, na realidade, Eva tenha pecado primeiro. Observe que o pecado deles começou na sua livre escolha moral e não na tentação, pois eles poderiam ter resistido (1co. 10-13 - Tg 4.7). Embora a serpente os incentivasse a pecar ela não colheu o fruto e os forçou a comer na verdade eles optaram por fazer isso.

Esse pecado abrangeu todos os demais pecados:

Ø Afronta

Ø Desobediência á Deus

Ø Orgulho

Ø Incredulidade

Ø Desejos ilícitos

Ø Corromper o próximo

Ø Submissão voluntaria ao diabo

Consequências imediatas do pecado original:

As consequências do pecado foram as mais terríveis o relacionamento entre Deus e os homens, que era de franca comunhão, amor, confiança e segurança, foi trocado por isolamento, autodefesa, culpa e banimento.

O relacionamento entre o casal também foi abalado a intimidade e a inocência cederam lugar a acusação (jogavam a culpa um sobre o outro). Seu desejo rebelde pela independência resultou em dores de parto, labuta e morte. Seus olhos realmente foram abertos, e eles conheceram o bem e o mal (mediante um atalho), mas era pesado esse conhecimento sem o equilíbrio de outros atributos divinos, como o amor, a sabedoria e o conhecimento.

Também a criação por estar sobre os cuidados de Adão sofreu abalo, foi amaldiçoada, gemendo pela libertação dos resultados da infidelidade dele (Rm 8.20,22).

 Satanás, que através da serpente oferecera a Eva as alturas da divindade e prometera ao homem e à mulher que estes não morreriam, foi mais amaldiçoado que todas as criaturas e condenado à destruição eterna pela descendência de Eva (ver Mt 25.41). Finalmente, o primeiro casal humano trouxe a morte a todos os seus filhos (Rm 5.12-21; 1Co 15.20-28).além disso ocorreu também imediatamente o morte espiritual do primeiro casal, lembre-se que teologicamente morte é separação, e a queda do    homem o separou de Deus.

 

A verdade sobre o  pecado original

Segundo as escrituras o pecado de Adão afetou muito mais que a ele próprio (Rm 5.12-21; 1Co 15.21,22). Esta questão é chamada pecado original. Aqui nascem três perguntas

¨      Até que ponto,

¨      Por quais meios e

¨      Em que base o pecado de Adão é transmitido ao restante da humanidade?

 Qualquer teoria do pecado original precisa responder as três perguntas e satisfazer os seguintes critérios bíblicos:

Solidariedade

Toda  humanidade, em algum sentido, está unida ou vinculada, como numa única entidade, a Adão (por causa dele, todas as pessoas estão fora da bem-aventurança do Éden; Rm 5.12-21; 1Co 15.21,22).

. Corrupção

Por a natureza humana estar tão deteriorada pela Queda, pessoa alguma tem a capacidade de fazer o que é espiritualmente bom sem a ajuda graciosa de Deus. A esta condição chamamos corrupção total - ou depravação - da natureza. Não significa que as pessoas não possam fazer algum bem aparente, apenas que nada do que elas façam será suficiente para torná-las merecedoras da salvação.

A pecaminosidade de todos

Romanos 5.12 declara que “todos pecaram”. Romanos 5.18 diz que mediante um só pecado todos foram condenados, o que subentende que todos pecaram. Romanos 5.19 diz que mediante o pecado de um só homem todos foram feitos pecadores. Textos que falam da pecaminosidade universal não fazem exceções à infância. Crianças impecáveis seriam salvas sem Cristo, mas isto é (antibíclico Jo 14.6; At 4.12). Ser merecedor de castigo também indica o pecado.

. Ser merecedor de castigo

Todas as pessoas, até mesmo as crianças pequenas, estão sujeitas ao castigo. “Filhos da ira” (Ef 2.3). As imprecações bíblicas contra crianças (Sl  137.9) indicam esse fato. E Romanos 5.12 diz que a morte física (cf. 5.6-8,10,14,17) chega a todos porque todos têm pecado, aparentemente até as crianças. As crianças, antes da idade de responsabilidade ou consentimento moral (a idade cronológica provavelmente varia com o indivíduo), não são pessoalmente culpadas enquanto não têm o conhecimento do bem e do mal (Dt 1.39; cf. Gn 2.17). Portanto nesta idade elas possuem a salvação, as Demais precisam aceitar a cristo para obterem salvação.

Consequências do pecado

O pecado, por sua própria natureza, é destrutivo. Já descrevemos boa parte dos seus efeitos. Mesmo assim, é necessário aqui um breve resumo.

Como consequências do pecado existem duas vertentes, a saber, a culpa e o castigo ou penalidade.

Culpa

A culpa pode ser individual ou coletiva, individual é aquela culpa pessoal que pesa sobre a pessoa após um erro, particular que ela tenha cometido contra Deus, contra outra pessoa ou mesmo contra si própria. Já a coletiva é a culpa que é cometida e pesa sobre a sociedade, como vemos muitas vezes na história de Israel. Há ainda a culpa objetiva, que refere-se a transgressão real, ou seja culpa por algo que realmente foi praticado, culpa subjetiva esta refere-se ao sentimento de culpa em uma pessoa que se for sincera a leva ao arrependimento. Essa culpa (subjetiva) pode ser apenas psicológica isto é a pessoa não ter transgredido contra o Senhor, mas acredita que tenha pecado e isso provoca muitas dores e aflições (1jo3.19-20).

Penalidade ou castigo

A penalidade é o resultado justo do pecado, infligido ao pecador por uma autoridade este castigo é fundamentado na culpa deste, Isto é o pecado é analisado e castigado devidamente e proporcionalmente ou erro cometido. Há dois tipos de castigos o natural é o mal (indiretamente da parte de Deus), que são recebidos por atos pecaminosos: doenças sexualmente transmissíveis deterioração física e mental ocasionada por uso de drogas sejam lícitas ou ilícitas. E há o castigo “positivo” que é infligido de maneira sobrenatural pelo próprio Deus como o caso de Ananias e safira em atos dos apostolo.  

Finalidades ou propósitos do castigo pelo pecado

a)   Mostrar que a retribuição ou a vingança pertencem exclusivamente a Deus (Sl  94.1; Rm 12.19);

b)   Restauração do culpado (esta realizada em nosso favor pela expiação vicária oferecida por Cristo);

c)   O julgamento leva o culpado a dispor-se a restituir o que foi tirado ou destruído, e assim pode ser comprovada a obra que Deus realizou numa vida (Êx 22.1; Lc 19.8);

d)   A correção influencia o culpado a não pecar no futuro. Esta é uma expressão do amor de Deus (Sl  94.12; Hb 12.5-17);

e)   O castigo do culpado serve para dissuadir a outros do mesmo comportamento. A dissuasão é usada frequentemente nas advertências divinas (Sl  95.8-11; 1Co 10.11).

Conclusão:

Os resultados do pecado são muitos e complexos. Podem ser considerados em termos de quem e o que é afetado por ele.

O pecado tem seu efeito sobre Deus. Embora sua justiça e sua onipotência não sejam prejudicadas pelo pecado, as Escrituras dão testemunho de seu ódio por ele (Rm 1. 18), de sua paciência para com os pecadores (Êx 34.6; 2Pe 3.9), de sua, busca pela humanidade perdida (Is 1.1 8; 1Jo 4.9-10,19), de sua mágoa por causa do pecado (Os 11.8), de sua lamentação pelos perdidos (Mt 23.37; Lc 13.34) e de seu sacrifício em favor  da salvação da humanidade (Rm 5.8; 1Jo 4:14; Ap 13.8). Vemos também as consequências do pecado sobre a sociedade humana que outrora era pura e agora se encontra corrompida e pervertida pelo pecado, a própria escritura protesta contra as injustiças praticadas contra inocentes (Pv 4.16; sociais, Tg 2.9; econômicas, Tg 5.1-4; físicas, Sl  11.5; etc.).

A decadência do mundo físico também atesta contra o pecado, pois este contribui afetando a saúde e o meio ambiente. O pecado cega e engana as pessoas, que em conseqüência disto mentem, enganam-se sobre suas próprias atitudes pois muitas vezes o pecado se mostra atraente e com boa aparência mas no final revela-se como mal, trazendo medo, culpa, insegurança e tantas outras coisas que acompanham o pecado.

pastor Rui Pagnose 03/05/2014